sexta-feira, 18 de setembro de 2009


Como seria a televisão brasileira se a TV Tupi e Excelsior não perdessem as concessões?
Vamos fazer uma regressão: voltaremos ao ano de 1968. O Brasil vivia uma ditadura militar e na televisão haviam alguns canais: Globo, Cultura, Bandeirantes, Tupi, Record e Excelsior. Originalmente, a Excelsior foi fechada pelos militares, e a Tupi faliu. Ambas foram substituídas pela Manchete e SBT, respectivamente. A Manchete também faliu, e hoje é a deplorável RedeTV!
Mas, imaginemos que nada houvesse mudado na televisão brasileira e se a Tupi e a Excelsior ainda estivessem no ar, o que seria de diferente no cenário televisivo brasileiro? Será que a Rede Globo seria líder de audiência? Será que a televisão brasileira teria uma qualidade melhor? Será que seríamos a referência na televisão mundial?
Perfil das emissoras:
Pra começar, SBT e Manchete nunca teriam existido, e, consequentemente, RedeTV também não, o que já seria um avanço! Sem o SBT, Silvio Santos não teria vendido a Record, e hoje a Record teria o espírito de alegria do SBT. Ou seja, a TV Record hoje pertenceria à Silvio Santos e nunca passaria nas mãos de Edir Macedo. Imagine hoje você sintonizando a Record nos domingos e vendo Silvio Santos jogar aviãozinho de dinheiro?
A Record, sendo assinada por Silvio Santos, teria algumas características de SBT: vinhetas copiadas de canais americanos — inclusive o logotipo –, histórico com novelas enlatadas, Chaves e programação infantil. Imagina a Record contando seus 56 anos de história com Festivais da MPB, Silvio Santos, Hebe Camargo, Bozo, Mara Maravilha, Gugu Liberato. Seria um SBT com o dobro de tamanho e história que tem hoje. Assim como o SBT, a Record de Silvio Santos seria uma alternativa aos canais líderes e seu carro-chefe seria o “Programa Silvio Santos”.
A Excelsior seria um exemplo de estratégia e qualidade. Para quem não sabe, a Excelsior inventou a chamada “cascata”, que é quando um programa é procedido de outro com público-alvo parecido, evitando uma debandada de audiência. Inclusive, a Excelsior inventou o esquema “novela, jornal, novela”, usado até hoje pela Rede Globo. Hoje, a Excelsior iria cobrir esportes e grandes shows com qualidade realmente de primeira.
Na Tupi, o know-how da pioneira ajudaria e muito a emissora. A Tupi inventou a novela como é hoje, contando casos do cotidiano da população, enquanto a Globo fazia histórias fantasiosas com Glória Magadán. A pioneira também inovaria hoje em dia, trazendo para o Brasil o formato das séries internacionais de grande sucesso.
Na Globo, não haveria comodismo por ser líder, mas sim uma luta para conseguir a liderança. Sempre buscando inovar, fechando parcerias internacionais, transmitindo grandes competições e tentando ao máximo inovar na TV.
Na Band, como não restaria muita coisa, só artistas em fim de carreira e campeonatos abandonados pelas grandes redes, acaba se tornando uma emissora exclusivamente jornalística.
Mercado
Assim como no resto do continente americano, exceto o México, a audiência na televisão brasileira seria disputadíssima. Com quatro grandes redes com extrema qualidade brigando pela liderança, haveriam mais produções na televisão, principalmente de teledramaturgia. Assim, o mercado para profissionais seria o triplo que é hoje. O mercado publicitário também seria muito mais divido, já que não haveria mais concentração de audiência numa só emissora.
Nesse cenário, a criatividade seria incetivada, já que não haveria mais uma emissora líder para copiar. Todas as emissoras teriam sua própria identidade visual diferenciada.
Além disso, para alimentar o mercado, novos autores, atores e apresentadores surgiriam, renovando a cara da televisão brasileira. Com novos autores, novas ideias surgiriam na tela, assim nascendo novas obras-primas da teledramaturgia brasileira.
Audiência
Globo, Tupi e Excelsior brigariam pela liderança a todo momento, assim com NBC, CBS e ABC nos Estados Unidos. Fazendo uma comparação bem por baixo, a Record seria como a Fox americana: mais popular, investiria em alguns setores e em alguns momentos lideraria.
A Record, com seu perfil popular, investiria em atrações como Ratinho, programas policiais, reality-shows. Enfim, seria muito parecida com o SBT atrás de uma audiência fácil e surgiria com alguns diferenciais, sendo a alternativa às emissoras líderes.
As emissoras, para cada vez mais conquistarem público, investiriam em mídias alternativas, como os celulares com televisão, TV digital e internet, fazendo o telespectador participar ativamente dos programas das emissoras.
Imagine você podendo participar ao vivo da internet da maioria dos programas da TV brasileira, mais ativamente do que hoje. Mais uma vantagem da competição da televisão brasileira.
Teríamos uma TV com história, competitiva, inovadora, de qualidade. Enfim, teríamos a TV que desejamos. Infelizmente isso não foi possível, graças ao fim da Excelsior e Tupi. Hoje temos que nos contentar com emissora sendo usada como lavanderia, emissoras que vendem horários, repletas de amadorismo. Pelo menos na nossa fantasia, houve uma TV com qualidade de verdade.
Por Luan Borges

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